quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A CRIANÇA QUE FUI CHORA NA ESTRADA



A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.

Ah, como hei-de encontrá-lo? Quem errou
A vinda tem a regressão errada.
Já não sei de onde vim nem onde estou.
De o não saber, minha alma está parada.

Se ao menos atingir neste lugar
Um alto monte, de onde possa enfim
O que esqueci, olhando-o, relembrar,

Na ausência, ao menos, saberei de mim,
E, ao ver-me tal qual fui ao longe, achar
Em mim um pouco de quando era assim.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

E A TARDE CAIU E O SOL MORREU...



Passarim quis pousar, não deu, voou
Porque o tiro partiu mas não pegou
Passarinho, me conta, então me diz:
Por que que eu também não fui feliz?
Me diz o que eu faço da paixão?
Que me devora o coração..
Que me devora o coração..
Que me maltrata o coração..
Que me maltrata o coração..
E o mato que é bom, o fogo queimou
Cadê o fogo? A água apagou
E cadê a água? O boi bebeu
Cadê o amor? O gato comeu
E a cinza se espalhou
E a chuva carregou
Cadê meu amor que o vento levou?
(Passarim quis pousar, não deu, voou)
Passarim quis pousar, não deu, voou
Porque o tiro feriu mas não matou
Passarinho, me conta, então me diz:
Por que que eu também não fui feliz?
Cadê meu amor, minha canção?
Que me alegrava o coração..
Que me alegrava o coração..
Que iluminava o coração..
Que iluminava a escuridão..
Cadê meu caminho? A água levou
Cadê meu rastro? A chuva apagou
E a minha casa? O rio carregou
E o meu amor me abandonou
Voou, voou, voou
Voou, voou, voou
E passou o tempo e o vento levou
Passarim quis pousar, não deu, voou
Porque o tiro feriu mas não matou
Passarinho, me conta então, me diz:
Por que que eu também não fui feliz?
Cadê meu amor, minha canção?
Que me alegrava o coração..
Que me alegrava o coração..
Que iluminava o coração..
Que iluminava a escuridão..
E a luz da manhã? O dia queimou
Cadê o dia? Envelheceu
E a tarde caiu e o sol morreu
E de repente escureceu
E a lua, então, brilhou
Depois sumiu no breu
E ficou tão frio que amanheceu
(Passarim quis pousar, não deu, voou)
Passarim quis pousar não deu
Voou, voou, voou, voou, voou

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

É PAU, É PEDRA, É O FIM DO CAMINHO...

Ê TEMPO, MACURÁ DILÊ
Ê TEMPO MACURA TATÁ
É DA MURAXÓ
É DO MACURIÁ

sábado, 21 de agosto de 2010

Eu já não sei bem pra onde vou... Mas agora eu vou!




Eu não sei o que acontece do lado de fora, e quando a vida me obriga a sair, eu não sei sentir.
Eu quero focar em um caminho seguro, mas eu não sei onde vou, porque meu mundo era concreto, certo e agora não existe mais.
Não há o que fazer, e me perco tentando encontrar soluções, que eu não sei se seriam a solução.
Eu vi o meu mundo desabar, meu futuro ser abortado antes mesmo de se concretizar, a não ser na minha própria imaginação. Mas esta verdade lúdica me protegia de toda voracidade humana, e me fazia seguir mediante a realidade de forma mais branda, de tal forma que eu não sei viver sem ela.

Quanto a gente paga pelos sonhos que perdeu? Por algo que não é calculável financeiramente, quando há apenas (apenas) prejuízo emocional, aqueles da qual a gente carrega pelo resto da vida, aqueles que a gente nunca esquece e que deixarão cicatrizes que machicarão, seja qual for o novo caminho que eu vá trilhar...

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

NÃO TENHO MEDO DE SENTIR. EU SINTO MUITO...



"Sinto-me livre para fracassar."

Não vou me deixar embrutecer, eu acredito nos meus ideais.
Podem até maltratar meu coração, que meu espírito ninguém vai conseguir quebrar.
[Renato Russo ]

"(...) é preciso partir
é preciso chegar
é preciso partir é preciso chegar... Ah, como esta vida é urgente!
( Mestre Quintana )

Estou dando um tempo pra mim....
Meu momento é seu.
[Sirlei L. Passalongo]


“Tô tirando férias, dando um tempo disso… chega de amar, chega de me doar, chega de me doer.” (Caio F)

"Prefiro os desajustados noturnos.
Ao tédio daquelas pessoas que não sabem amanhecer"
[Cazuza]

Que me desculpem os apáticos,
Não tenho medo de sentir.
Eu sinto muito......
[Ana Jácomo]

A hora que eu chorar, vai ser o choro mais triste do mundo.
Dói demais ser intensa o tempo todo..


"E não vou tolerar ninguém que não me faça ter sentimentos incríveis."
(Fernanda Mello)

Eu que me agüente comigo e com os comigos de mim.
[Fernando Pessoa]

"Meu silêncio é o grito mais alto que alguém já deu"
[Dela, Tati Bernardi]

"Crescer não precisava doer tanto…"
(Tati Bernardi)

Meu Deus, me dê cinco anos.
Me dá a mão, me cura de ser grande!
[Adélia Prado]

“Não, meu coração não é maior que o mundo. É muito menor. Nele não cabem nem as minhas dores.”
(Mundo grande, Carlos Drummond de Andrade)

Estou farto de semideuses.
Onde é que há gente no mundo???

Nada em mim foi covarde,
nem mesmo as desistências:
desistir, ainda que não pareça,
foi meu grande gesto de coragem.
"Se eu pudesse viver minha vida novamente..."
(Rubem Alves)

Deus, obrigada, porque é noite e eu tenho o sono... Que venha um sonho novo, então.”
(Marla de Queiroz)

Há noites que eu não posso dormir de remorso
por tudo o que eu deixei de cometer...
(Mário Quintana)

Depois de quase morrer ando feliz agora.
[Caio F]

Todo dia é de viver para ser o que for e ser tudo!
(Beto Guedes)

"Meus dias são sempre como uma véspera de partida."
(Caio F)

"Leve, como leve pluma
Muito leve, leve pousa."
(secos & molhados)

Existe um lugar onde
Ninguém pode tirar voce de mim....
Este lugar chama-se pensamento
E nele você me pertence.
[Charles Chaplin]

Perdoe a falta de abrigo,é que agora
eu moro no caminho.
[ Marla de Queiroz ]

Se tens um coração de ferro,
bom proveito.
O meu, fizeram-no de carne,
sangra todo dia..."
[José Saramago]

'Quem tem um sonho não dança, meu amor'."
(Caio Fernando Abreu)

O que a vida quer da gente é coragem."
(Guimarães Rosa)

Eu te recebo de pés descalços...
e esta é a minha maior ousadia.
(Clarice Lispector)

Minha vida não saiu como planejei, mas ainda é a minha vida.
[ Fabrício Carpinejar ]

' A primeira desilusão você encara como a última,
só na segunda você percebe que é só o começo...
Bem-vindo a Vida Real.
[Diana Carísio]

'Um dia uma folha me bateu nos cílios. Achei Deus de uma grande delicadeza'
Clarice Lispector

"Quem tenta ajudar a borboleta sair do casulo a mata.
Quem tenta ajudar um broto a sair da semente o destrói.
Há certas coisas que não podem ser ajudadas.
Tem que acontecer de dentro para fora."
(Rubem Alves)

"Senhor, livrai-me da mediocridade humana, amém."

Que nem a lua minguando... Que nem o meu nos seus braços...

Amanhã fico triste… amanhã!
Hoje não… Hoje fico alegre!
E todos os dias, por mais amargos que sejam, eu digo: Amanhã fico triste, hoje não…”
(Poema encontrado na parede de um dos dormitórios de crianças do campo de extermínio nazista de Auschwitz)

E deixemos de coisa, e cuidemos da vida,
pois senão chega a morte, ou coisa parecida, e nos arrasta moço,
sem termos visto a vida...
[Fagner]

"Agora, ao final de nossas andanças, nossos olhos são outros, olhos de velhice,
de saudade. 'Toda saudade é uma espécie de velhice'.
É por isso que os olhos dos velhos vão se enchendo de ausências.
'Memória fraca', dizem os jovens.
Engano: é que a sua alma sabe o que merece ser lembrado.
Esquecem-se do que aconteceu ontem, mas se lembram do
que aconteceu há muito tempo, como se fosse hoje."
[Se eu pudesse viver minha vida novamente - Rubem Alves]

Sorte pra mim é sol no sábado. É pijama até às 3. É reunir os melhores amigos com chapeuzinho de aniversário. É saber que amanhã é sexta. E que os problemas já podem ser substituídos.
Sorte é saber que eu sou forte, capaz e saudável. E saber que eu não sou um monte de coisas. Mas que posso ser.
É ter pra quem ligar quando eu quero rir. E ter alguém pra chamar quando eu quero colo.
É ter certezas. De que vai dar tempo. De que vai dar saudade. E de que eu sou determinada a ponto de quebrar a cara (e de não desistir com isso). É, acima de tudo, saber perceber que eu tenho sorte.
Sorte é ter um passado doce e o açucareiro nas mãos."

Meus pais, meu exército particular...

Só faço o que gosto
E aquilo que creio
Se alguém não quiser entender
E falar, pois que fale
Eu não vou me importar com a maldade de quem nada sabe!
(Resposta - Maysa)

terça-feira, 6 de julho de 2010

O sonhador extrai da vida um prazer muito mais vasto do que o homem em ação...




Eu nunca fiz senão sonhar. Tem sido esse, e esse apenas,
o sentido da minha vida. Nunca tive outra preocupação
verdadeira senão a minha vida interior. As maiores dores da
minha vida esbatem-se-me quando, abrindo a janela para
dentro de mim pude esquecer-me na visão do seu movimento.
Nunca pretendi ser senão um sonhador. A quem me
falou de viver nunca prestei atenção. Pertenci sempre ao que
não está onde estou e ao que nunca pude ser. Tudo o que não
é meu, por baixo que seja, teve sempre poesia para mim.
Nunca amei senão coisa nenhuma. Nunca desejei senão o
que nem podia imaginar. A vida nunca pedi senão que passasse
por mim sem que eu a sentisse. Do amor apenas exigi
que nunca deixasse de ser um sonho longínquo. Nas minhas
próprias paisagens interiores, irreais todas elas, foi sempre o
longínquo que me atraiu, e os aquedutos que se esfumam —
quase na distância das minhas paisagens sonhadas, tinham
uma doçura de sonho em relação às outras partes da paisagem
— uma doçura que fazia com que eu as pudesse amar.
A minha mania de criar um mundo falso acompanha-me
ainda, e só na minha morte me abandonará. Não alinho hoje
nas minhas gavetas carros de linha e peões de xadrez — com
um bispo ou um cavalo acaso sobressaindo — mas tenho
pena de o não fazer... e alinho na minha imaginação, confortavelmente,
como quem no inverno se aquece a uma lareira,
figuras que habitam, e são constantes e vivas, na minha vida
interior. Tenho um mundo de amigos dentro de mim, com
vidas próprias, reais, definidas e imperfeitas.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

DÉJEUNER DU MATIN (Café da Manhã)



Ele colocou o café
Na xícara
Ele colocou o leite
Na xícara de café
Ele colocou açúcar
No café com leite
Com a pequena colher
E mexeu.
Ele bebeu o café com leite
E ele repousou a xícara
Sem falar comigo
Ele Acendeu
Um cigarro
Ele fez bolinhas
Com a fumaça
Ele bateu a cinza
No cinzeiro
Sem falar comigo
Sem olhar para mim.
Ele se levantou
Ele colocou
Seu chapéu sobre a cabeça
Ele colocou
Sua capa de chuva
Porque chovia
E ele partiu
Na chuva
Sem uma palavra
Sem olhar para mim...
E eu coloquei
Minhas mãos na cabeça
E eu chorei...

Jacques Prévert

quarta-feira, 19 de maio de 2010

ESTOU LIBERTO E PERDIDO



Todos os problemas são insolúveis. A essência de haver
um problema é não haver uma solução. Procurar um fato
significa não haver um fato. Pensar é não saber existir.

Nunca tive alguém a quem pudesse chamar "Mestre",
Não morreu por mim nenhum Cristo. Nenhum Buda me
indicou um caminho. No alto dos meus sonhos nenhum
Apoio ou Atena me apareceram, para que me iluminassem a
alma.

O tempo! O passado! [...] Aquilo que fui e nunca mais
serei! Aquilo que tive, e não tornarei a ter! Os Mortos! Os
mortos que me amaram na minha infância. Quando os evoco
toda a alma me esfria e eu sinto-me desterrado de corações,
sozinho na noite de mim-próprio, o como um mendigo
o silêncio fechado de todas as portas.

Nunca encarei o suicídio como uma solução, porque eu
odeio a vida por amor a ela. Levei tempo a convencer-me
deste lamentável equívoco em que vivo comigo. Convencido
dele, fiquei desgostoso, o que sempre me acontece quando
me convenço de qualquer coisa, porque o convencimento é
em mim sempre a perda de uma ilusão.



Embora eu esteja cansada de não ser ninguém
Embora eu esteja errada, tudo bem
Se acordo e viro pro lado, e o vazio reinando em seu lugar
Abraço o vento e dou risadas pro ar

Ir embora nem sempre é bom, melhor evitar
Aquela história onde tudo começou vai desmoronar
É difícil ficar acordado quando o violão quer ser tocado
Confie no seu taco, fim de papo, deixa o clima rolar

Refrão
Então cuide de você
Esqueça aquilo tudo que sentiu, pois isso não vale nada
O tempo é teu amigo, mas te engole feito alma penada
E o cara que se diz seu amigo só te põe em cilada
Não vacile, não
Não vacile..

Não ando muito bem, mas esta música me anima, cada vez que eu ouço... e me faz esquecer da realidade diante de meus olhos, que não me deixam pensar em paz.




segunda-feira, 17 de maio de 2010

Sou um estrangeiro neste mundo.



Sou um estrangeiro, e há na vida do estrangeiro uma solidão pesada e um isolamento doloroso. Sou assim levado a pensar sempre numa pátria encantada que não conheço, e a sonhar com os sortilégios de uma terra longínqua que nunca visitei.

Sou um estrangeiro para minha alma. Quando minha língua fala, meu ouvido estranha-lhe a voz. Quando meu Eu interior ri ou chora, ou se entusiasma, ou treme, meu outro Eu estranha o que ouve e vê, e minha alma interroga minha alma. Mas permaneço desconhecido e oculto, velado pelo nevoeiro, envolto no silêncio.

Sou um estrangeiro para o meu corpo. Todas as vezes que me olho num espelho, vejo no meu rosto algo que minha alma não sente, e percebo nos meus olhos algo que minhas profundezas não reconhecem.

Quando caminho nas ruas da cidade, os meninos me seguem gritando: “Eis o cego, demos-lhe um cajado que o ajude.” Fujo deles. Mas encontro outro grupo de moças que me seguram pelas abas da roupa, dizendo: “É surdo como a pedra. Enchamos seus ouvidos com canções de amor e desejo.” Deixo-as correndo. Depois, encontro um grupo de homens que me cercam, dizendo: “É mudo como um túmulo, vamos endireitar-lhe a língua.” Fujo deles com medo. E encontro um grupo de anciãos que apontam para mim com dedos trêmulos, dizendo: “É um louco que perdeu a razão ao freqüentar as fadas e os feiticeiros.”

Sou um estrangeiro neste mundo.

Sou um estrangeiro e já percorri o mundo do Oriente ao Ocidente sem encontrar minha terra natal, nem quem me conheça ou se lembre de mim.

Acordo pela manhã, e acho-me prisioneiro num antro escuro, freqüentado por cobras e insetos. Se sair à luz, a sombra de meu corpo me segue, e as sombras de minha alma me precedem, levando-me aonde não sei, oferecendo-me coisas de que não preciso, procurando algo que não entendo. E quando chega a noite, volto para a casa e deito-me numa cama feita de plumas de avestruz e de espinhos dos campos.

Idéias estranhas atormentam minha mente, e inclinações diversas, perturbadoras, alegres, dolorosas, agradáveis. À meia-noite, assaltam-me fantasmas de tempos idos. E almas de nações esquecidas me fitam. Interrogo-as, recebendo por toda resposta um sorriso. Quando procuro segura-las, fogem de mim e desvanecem-se como fumaça.

Sou um estrangeiro neste mundo.

Sou um estrangeiro e não há no mundo quem conheça uma única palavra do idioma de minha alma...

Caminho na selva inabitada e vejo os rios correrem e subirem do fundo dos vales ao cume das montanhas. E vejo as árvores desnudas se cobrirem de folhas num só minuto. Depois, suas ramas caem no chão e se transformam em cobras pintalgadas.

E as aves do céu voam, pousam, cantam, gorgeiam e depois param, abrem as asas e viram mulheres nuas, de cabelos soltos e pescoços esticados. E olham para mim com paixão e sorriem com sensualidade. E estendem suas mãos brancas e perfumadas. Mas, de repente, estremecem e somem como nuvens, deixando o eco de risos irônicos.

Sou um estrangeiro neste mundo.

Sou um poeta que põe em prosa o que a vida põe em versos, e em versos o que a vida põe em prosa. Por isto, permanecerei um estrangeiro até que a morte me rapte e me leve para minha pátria.

Khalil Gibran

segunda-feira, 10 de maio de 2010

ISMÁLIA



Alphonsus de Guimaraens

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...



quinta-feira, 6 de maio de 2010

Tudo o que É Sólido Pode Derreter...


Tu que ja foste a rainha do Nilo

A imperatriz do nailon
A duquesa da beleza
A sufragista luz acessa
Na caverna iluminista


Tu que já posaste para capa de revista
E guerreaste ativista
Lider sindicalista
Que já te provaste ensaista
Contista, romancista
Roqueira, feiticeira
Tu que ja foste a primeira
A síntese de uma especie inteira
Que fazes agora
Nessa banheira?

Tu
Rainha do Nilo
Duquesa da beleza
Luz acessa
Caverna iluminista
Tu que já posaste para capa de revista
Lider sindicalista
Que já te provaste ensaista
Roqueira, feiticeira
Tu que ja foste a primeira,
A síntese de uma especie inteira
Que fazes agora?

Tu
Rainha do Nilo
Duquesa da beleza
Luz acessa
Caverna iluminista
Tu
Capa de revista
Lider sindicalista
Contista, romancista
Tu que ja foste a primeira,
E inteira
Agora
Banheira

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O LIVRO DO DESASSOSSEGO



A manhã do campo existe;
A manhã da cidade promete.
Uma faz viver; a outra faz pensar.
E eu hei sempre de sentir, como os grandes malditos,
Que mais vale pensar que viver...

Tanta inconseqüência em querer bastar-me!
Tanta consciência sarcástica das sensações justapostas!
Tanto enredo da alma com as sensações, dos pensamentos com o ar e o rio,
para dizer que me dói a vida no olfato e na consciência,
para não saber dizer, como na frase simples e ampla do Livro
de Jó,''Minha alma está cansada de minha vida!''.

Ah, quem me salvará de existir?
Não é a morte que quero, nem a vida:
É aquela outra coisa que brilha no fundo da ânsia
como um diamante possível numa cova a que se não se pode descer.
É todo o peso e toda a mágoa deste universo real
e impossível, deste céu estandarte de um exército incógnito,
destes tons que vão empalidecendo pelo ar fictício, de onde o
crescente imaginário da lua emerge numa brancura elétrica
parada, recortado a longínquo e a insensível.
É toda a falta de um Deus verdadeiro que é o cadáver
vácuo do céu alto e da alma fechada. Cárcere infinito — porque
és infinito, não se pode fugir de ti!

Não é o tédio a doençpa do aborrecimento de nada ter que fazer, mas a doença maior de se sentir que não vale a pena fazer nada....

terça-feira, 27 de abril de 2010

Prefiro o meu mundo, povoado de sonho e de loucura, ao vosso, cheio de nada!



"Plometo, Logo Minto"

"Há muito mais coisas entre os Céus e a Terra do que uma vã Plomessa"


Je ne t'aime plus mon amour
Je ne t'aime plus tous les jours
Je ne t'aime plus mon amour
Je ne t'aime plus tous les jours
Parfois j'aimerai mourir tellement il y a plus plus d'espoir
Parfois j'aimerai mourir pour plus jamais te revoir
Parfois j'aimerai mourir pour ne plus rien savoir
Je ne t'aime plus mon amour
Je ne t'aime plus tous les jours

Ausência de Existência é morte.
Existência de ausência é solidão.



Há porcos do destino, como eu, que se não afastam da banalidade
quotidiana por essa mesma atração da própria impotência.
São aves fascinadas pela ausência de serpente; moscas
que pairam nos troncos sem ver nada, até chegarem ao alcance viscoso da língua do camaleão.

Eu não sou da sua rua,Eu não sou o seu vizinho.Eu moro muito longe, sozinho.Eu não sou da sua rua,Eu não falo a sua língua,Minha vida é diferente da sua.Estou aqui de passagem.Esse mundo não é meu,Esse mundo não é seu...

sábado, 24 de abril de 2010

¿Quién Puede Matar a un Niño?




Existem alguns filmes de horror que realmente são perturbadores e conseguem sobreviver com o passar do tempo, sem perder seu impacto. O Diretor uruguaio, radicado na Espanha, Narciso Ibañez Serrador, conseguiu criar um desses filmes, que por muito tempo teve problemas com a censura e diversas edições com vários cortes, chegando a ser banido de alguns países.

No filme, um grupo de crianças se revolta contra a casta dos adultos de forma inclemente, este suspense obscuro e bizarro abandona o realismo e trilha um caminho de horror psicológico cuja força reside no contraste existente entre a graça natural e a pressuposta natureza homicida de uma criança, para todos os efeitos uma criatura inocente que jamais deve ser vítima de violência. A história se passa numa ilha, para onde vão um casal em férias (Lewis Fiander e Prunella Ransome). Demora um pouco para que eles percebam que todos os adultos do lugar sumiram, e que as poucas crianças que eles avistam guardam um segredo terrível.

O título do filme que pode ser traduzido como “Quem pode matar uma criança?” é a grande arma dos pequenos assassinos. Seus rostos angelicais são um escudo contra qualquer tentativa de reação dos adultos, mesmo diante da carneficina que eles cometeram. Subversivo, maldito e assustador QUIÉN PUEDE MATARA UM NIÑO? mergulha nas profundezas do inconsciente humano gerando uma série de interpretações que vão da psicanálise até a antropologia. Seria o filme uma visão do ato inconsciente da morte dos pais pelas mãos dos filhos que Freud sempre enfatizou em seus estudos, ou seria a representação de um novo mundo construído pelas crianças que precisa do extermínio de todos os adultos para existir? Assustador não é mesmo?

sexta-feira, 23 de abril de 2010

PORQUE ME UFANO DO MEU PAÍS...

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Hoje é a estreia do filme UTOPIA E BARBÁRIE nos cinemas de todo o Brasil, trazendo memórias, contadas pelo afeto, de uma geração bastarta que de todos, lutavam principalmente pelo direito de sonhar!

Como o próprio trailler conta, ter 18 anos em 68 realmente foi um privilégio, uma experiência vivida por poucos, o que verdadeiramente foi um marco na história de nosso país. Esta foi a primeira guerra com cobertura televisiva, que apesar de muitas distorsões de fatos, contribuiu com um vasto patrimônio histórico de lembranças e memórias, desse sonho e pesadelo simultâneos...

Hoje, os tempos são outros.... As interpretações da época são outras..... E eu, guardo uma opinião bem interessante, romântica, gloriosa....

Em homenagem aos heróis de nossa histórias, construtores da história do nosso país, dignos de nosso respeito pela conquista da liberdade.... Conquista da qual somos responsáveis pela manutenção.... A liberdade é algo que se conquista! Devemos fazer por merecer nossos direitos....

A LUTA CONTINUA!

"Podem nos prender, podem nos matar, mas um dia voltaremos a ser milhões"

Quero Ver o que Vai Acontecer Quando Zumbi Chegar...



Valorizar a cultura do nosso povo..... A fé .... A tradução que perpetua durante séculos.... A confiança em algo maior... A ajuda sempre disposta...

Nossa história é repleta de acontecimentos marcantes e dignos de serem lembrados por gerações. Preconceitos nos privam, principalmente, de apreciar tão maravilhosa manifestação de amor, respeito e reverência...

Conhecemos mais a respeito de determinada cultura estrangeira, e muito do que é nosso passa desapercebido diante de nossos olhos...

quinta-feira, 22 de abril de 2010

POEMA EM LINHA RETA

                  Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
                  Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

                  E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
                  Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
                  Indesculpavelmente sujo,
                  Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
                  Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
                  Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
                  Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
                  Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
                  Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
                  Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
                  Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
                  Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
                  Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
                  Para fora da possibilidade do soco;
                  Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
                  Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

                  UMA FESTA EM MEIO AO CAOS








                  As 3 pessoas mais ricas do mundo são também mais ricas que os 48 países mais pobres do mundo.

                  Os bens das 84 pessoas mais ricas do mundo ultrapassam o produto interno bruto da China com seus um bilhão e trezentos mil habitantes

                  As 225 pessoas mais ricas do mundo possuem uma fortuna equivalente ao rendimento anual acumulado de 47% das pessoas (mais pobres) do planeta, ou seja, 3 bilhões de pessoas.

                  Bastaria cerca de 4% da riqueza acumulada dessas 225 pessoas mais ricas para dar a toda a população do mundo acesso à satisfação das suas necessidades de base (saúde, educação e alimentação)

                  quarta-feira, 21 de abril de 2010

                  Todo Dia Era Dia de Índio...



                  "Mas hoje ele só tem o dia 19 de abril..."
                  Que ironia... Este ano eu consigo contar as poucas pessoas que se recordaram desta data. Há muito tempo, os índios não tem nem o dia 19 de abril. Levaram tudo, tomaram o que lhes pertencia. Destruíram toda cultura, todo um povo que possuíam as terras brasileiras por direito.

                  Não concordo quando dizem da ingenuidade de Macunaíma, personagem do livro de mesmo nome, ao tentar instaurar a língua tupi-guarani como oficial em nosso país. Nada mais justo!

                  O engraçado é que, quando outubro chegar, as festas de halloween vem por aí pessoal, vamos nos preparar para decorar histórias, preparar fantasias..... ai ai....


                  Somos todos índios

                  terça-feira, 20 de abril de 2010

                  ONDE AS COISAS FLUTUAM...



                  Sou um guardador de rebanhos.
                  O rebanho é os meus pensamentos
                  E os meus pensamentos são todos sensações.
                  Penso com os olhos e com os ouvidos
                  E com as mãos e os pés
                  E com o nariz e a boca.
                  Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
                  E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
                  Por isso quando num dia de calor
                  Me sinto triste de gozá-lo tanto.
                  E me deito ao comprido na erva,
                  E fecho os olhos quentes,
                  Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
                  Sei a verdade e sou feliz...

                  PALAVRA: MEU DOMÍNIO SOBRE O MUNDO



                  Oh! Bendito o que semeia
                  Livros à mão cheia
                  E manda o povo pensar!
                  O livro, caindo n’alma
                  É germe – que faz a palma,
                  É chuva – que faz o mar!



                  Após adiar minha graduação em Ciências Sociais, o que me causa grande desapontamento, optei por cursar Letras, não para que minha luta se interrompa, mas sim para direcionar meu trabalho na formação de pensadores, de pessoas que não se manipulam facilmente com aquilo que é imposto pela mídia que insiste em devorar nossos próprios desejos, usurpando nossa essência e transformando-nos em seres influenciáveis e previsíveis.

                  Todo o meu esforço será para fazer valer o direito a liberdade, principalmente a de expressão, uma vez que a construção da cidadania se faz, em grande parte, por meio do domínio da linguagem oral e escrita.

                  Estou situada entre duas grandes gerações: a daqueles que viveram épocas históricas em nossa sociedade... aqueles que tinham 18 anos em 68! Jovens que lutavam por um ideal: a liberdade consciente, a rebeldia adversária as imposições da época, de fazer valer o direiro à igualdade, ao verdadeiro direito de ir e vir.
                  De outro lado, encotro filhos desses mesmos jovens, talvez de pais que querem poupá-los de quaisquer sofrimentos que ocorreram em tais manifestações passadas, privando os de pensar, de agir em pró de um ideal, compensando suas ausências com tecnologia, já que acreditam que a coisa mais importante na formação de um "digno cidadã" seja luxo e conforto.

                  Estudando os movimentos literários, perce-se que um sempre contrapõe outro. Qual será o movimento que está por vir? Será que retomaremos às origens de nossos antepassados, valorizando a pureza e a sublimação do que é simples? Ou será que perderemos todo o contole, por permitir que nossos filhos sejam moldados por imposições publicitárias?

                  É chegada a hora de mudar, sempre é tempo de abrirmos os olhos e mudarmos o rumo de nossas vidas.... Se é que saibamos para onde estamos indo...

                  SÓ NÃO SE PERCA AO ENTRAR NO MEU INFINITO PARTICULAR...


                  Por vezes adiei a vontade de ter um blog, mas decidi armazenar meus pensamentos fragmentados em um só lugar, e não mais deixá-los espalhados pela minha casa e confusos em meus pensamentos. Acredito que ao escrevemo-los, organizamos as ideias em cadeias mais lógicas e compreensíveis, principalmente para mim mesma.
                  Não quero, de maneira alguma, que este blog tenha o intuito apenas de engajamento político. Embora este assunto seja constante em mim, tenho diversos outros aspectos da qual quero que sejam explorados aqui.
                  Meu empasamento teórico adiquirido no curso de Letras me auxilia na composição das palavras, mas acredito que a essência dos assuntos estejam inerentes em mim desde sempre.

                  SEJAM TODOS BEM VINDOS AO MEU UNIVERSO!

                  NA POESIA DA LINGUAGEM, O SEU SILÊNCIO...


                  Trinta raios rodeiam um eixo
                  mas é onde o raio não raia
                  que roda a roda.
                  Vaza-se a vasa e se faz o vaso.
                  Mas é o vazio
                  que perfaz a vasilha.
                  Casam-se as paredes e se encaixam portas
                  mas é onde não há nada
                  que se está em casa.
                  Falam-se palavras
                  e se apalavram falas,
                  mas é no silêncio
                  que mora a linguagem.
                  É o Ser que faz a utilidade.
                  Mas é o Nada que dá sentido.

                  ESSAS COISAS TODAS...


                  O Que Há


                  O que há em mim é sobretudo cansaço —
                  Não disto nem daquilo,
                  Nem sequer de tudo ou de nada:
                  Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
                  Cansaço.
                  A sutileza das sensações inúteis,
                  As paixões violentas por coisa nenhuma,
                  Os amores intensos por o suposto em alguém,
                  Essas coisas todas —
                  Essas e o que falta nelas eternamente —;
                  Tudo isso faz um cansaço,
                  Este cansaço,
                  Cansaço.

                  Há sem dúvida quem ame o infinito,
                  Há sem dúvida quem deseje o impossível,
                  Há sem dúvida quem não queira nada —
                  Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
                  Porque eu amo infinitamente o finito,
                  Porque eu desejo impossivelmente o possível,
                  Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
                  Ou até se não puder ser...

                  E o resultado?
                  Para eles a vida vivida ou sonhada,
                  Para eles o sonho sonhado ou vivido,
                  Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
                  Para mim só um grande, um profundo,
                  E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
                  Um supremíssimo cansaço,
                  Íssimno, íssimo, íssimo,
                  Cansaço...

                  ALÔ, INILUDÍVEL!



                  Consoada

                  Quando a Indesejada das gentes chegar
                  (Não sei se dura ou caroável),
                  Talvez eu tenha medo.
                  Talvez sorria, ou diga:
                  - Alô, iniludível!
                  O meu dia foi bom, pode a noite descer.
                  (A noite com seus sortilégios.)
                  Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
                  A mesa posta,
                  Com cada coisa em seu lugar.



                  Manuel Bandeira
                  (1886-1968)

                  LIÇÃO DE CASA: AMAR!


                  "Sonho com um amor em que duas pessoas compartilham uma paixão de buscar juntas uma verdade mais elevada. Talvez não devesse chamá-lo de amor. Talvez seu nome ideal seja amizade.”

                  Nietzsche

                  O ESSENCIAL É SABER VER


                  Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
                  Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
                  Porque eu sou do tamanho do que vejo
                  E não do tamanho da minha altura...

                  Nas cidades a vida é mais pequena
                  Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
                  Na cidade as grandes casas fecham a vista a chave,
                  Escondem o horizonte, empurram nosso olhar para longe de todo o céu,
                  Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
                  E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.