Beco das minhas perplexidades
(Mas também dos meus amores,
Dos meus beijos, dos meus sonhos),
Adeus para nunca mais!
Vão demolir esta casa.
Mas meu quarto vai ficar
Não como forma imperfeita
Neste mundo de aparências:
Vai ficar na eternidade,
Com seus livros, seus quadros,
Intacto, suspenso no ar!
Beco de sarças de fogo,
De paixões sem amanhãs,
Sua luz não recolheu nestas pedras
O orvalho das madrugadas,
A pureza das manhãs!
Beco que tanto pecais!
Nossa Senhora do Carmo,
De lá de cima do altar,
Pede esmola para mulheres tão tristes,
Que vem na porta do templo
De noite se agasalhar.
Beco que nasceste à sombra de paredes,
Por isso te amei constante
E canto para dizer-te
Adeus para nunca mais!