segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

... e transpassei...


A gente fica mordido, não fica?
Dente, lábio, teu jeito de olhar
Me lembro do beijo em teu pescoço
Do meu toque grosso, com medo de te transpassar...
Peguei até o que era mais normal de nós
E coube tudo na malinha de mão do meu coração...




sexta-feira, 12 de agosto de 2016

~ ÚLTIMA CANÇÃO DO BECO ~





Beco das minhas perplexidades
(Mas também dos meus amores,
Dos meus beijos, dos meus sonhos),
Adeus para nunca mais!

Vão demolir esta casa.
Mas meu quarto vai ficar
Não como forma imperfeita
Neste mundo de aparências:
Vai ficar na eternidade,
Com seus livros, seus quadros,
Intacto, suspenso no ar!

Beco de sarças de fogo,
De paixões sem amanhãs,
Sua luz não recolheu nestas pedras
O orvalho das madrugadas,
A pureza das manhãs!

Beco que tanto pecais!
Nossa Senhora do Carmo,
De lá de cima do altar,
Pede esmola para mulheres tão tristes,
Que vem na porta do templo
De noite se agasalhar.

Beco que nasceste à sombra de paredes,
Por isso te amei constante
E canto para dizer-te
Adeus para nunca mais!


domingo, 5 de junho de 2016

Me abre e lê inteira

Me abre e lê inteira

Agora, bem devagar
Me abre e começa a devorar
Lê linha por linha
Me sente
Engole cada palavrinha,
Até as forças esgotar...
Faça jorrar imaginação,
Me mapea com as mãos.
Saboreia meus conceitos,
Entenda meus versos gastos,
Me tenha como gosto,
Sintaxe, êxtase, pronome composto.

Isso, segura!
Murmura,
Tira verso por verso
Me deixa Nua (poesia pura)
Que na próxima pagina eu confesso.

Minhas rimas estão dançando no teu carro,
É nos teus 'porém' que eu me espalho,
Com cada palavra gozada os retalho.

Sou seu livro,
Livro aberto,
Nú e concreto,
Não passe apenas as páginas,
Absorva os pensamentos,
Sinta junto,
A cada vez que molhar os dedos
E virar ao próximo texto
Implorando teu beijo
Lembre-se:
Mergulhou em mim, agora vá até o fim, até ler a minha alma.

Rosane Silva

quarta-feira, 10 de junho de 2015

O que viveu meia hora. Carlos Drummond de Andrade

O que viveu meia hora
Ser*
Carlos Drummond de Andrade . .
O filho que não fiz
hoje seria homem.
Ele corre na brisa,
sem carne, sem nome.
Às vezes o encontro
num encontro de nuvem.
Apóia em meu ombro
seu ombro nenhum.
Interrogo meu filho,
objeto de ar:
em que gruta ou concha
quedas abstrato?
Lá onde eu jazia,
responde-me o hálito,
não me percebeste,
contudo chamava-te
como ainda te chamo
(além, além do amor)
onde nada, tudo
aspira a criar-se.
O filho que não fiz
Faz-se por si mesmo.
*Em Claro Enigma.
— 0 —
Anotações do poeta
(ambas assinadas por extenso)
I
Meu filho Carlos Flavio nasceu às 4 horas e 15 minutos do dia 21 de Março de 1927, segunda-feira. Deus o proteja em toda a sua vida.
21­ – III – 27 — às 4 e 35 da tarde.
II
Meu filho Carlos Flavio morreu às 4 horas e 45 minutos do dia 21 de Março de 1927, segunda-feira
21­ – III – 27 — às 10 horas da noite.
— 0 —
O que Viveu Meia Hora*
Carlos Drummond de Andrade 
Nascer para não viver
só para ocupar
estrito espaço numerado
ao sol-e-chuva
que meticulosamente vai delindo
o número
enquanto o nome vai-se autocorroendo
na terra, nos arquivos
na mente volúvel ou cansada
até que um dia
trilhões de milênios antes do juízo final
não reste em qualquer átomo
nada de uma hipótese de existência.
*Em A Paixão Medida.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Onde morre a trilha do meu silêncio... Vou te buscar!




  Chegou de repente o fim da viagem Agora já não dá mais pra voltar atrás Rainha de maio valei o teu pique
 Apenas para chover no meu piquenique Assim meu sapato coberto de barro Apenas pra não parar nem voltar atrás Rainha de maio valeu a viagem
 Agora já não dá mais... 
Nisso eu escuto no rádio do carro a nossa canção 
Sol girassol e meus olhos ardendo de tanta emoção 
E quase que eu me esqueci 
que o tempo não pára Nem vai esperar Vento de maio rainha dos raios de sol 
Vá no teu pique estrela cadente até nunca mais
 Não te maltrates nem tentes voltar o que não tem mais vez 
Nem lembro teu nome nem sei 
Estrela qualquer lá no fundo do mar...




Só pra não ter mais nada a perder...


Descansar os olhos, olhar e ver e respirar
Só pra não ver o tempo passar
Pra passar o tempo
Até chover, até lembrar
De como deve ser Lumiar


Pra perder o medo, mudar de céu, mudar de ar
Clarear de vez Lumiar



quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Odisséias Filosóficas

Melhor aventura de desejar e não possuir, do que a amargura de ter para depois perder.

O que tu és, eu já o fui; e o que sou, tu serás um dia.

Pois o ciclo é imutável, / O começo é passado / o presente é o meio, / e o futuro é o fim.

O mentir deixa o homem mais perdido que cego em tiroteio.

Ausência de notícias, boas notícias.

As grandes dores são silenciosas.

Dois bicudos não se beijam.

Depois da tempestade, vem a bonança.

Encontrei-a na igreja rezando, / aos pés da Virgem Maria, / era uma santa escutando, / o que outra santa dizia.

Tudo o que é bom dura pouco.

Promessa esquecida é dívida não cumprida.

Quem muito fala pouco acerta.

Formiga quando quer se perder, cria asas.

Ouvi dizer um dia / que a morte enfim a chamara / e que sem dor a levara / para a paz que ela antevia.

Seu salário é vitupério, é afronta ao seu saber.

Homem calado, muito cuidado.

Segredo de dois não é segredo.

Sábio é aquele que sabe o que não sabe.

Um homem só está em má companhia.

Não há mal que sempre dure, não há bem que nunca acabe.

O coração tem razões que a razão desconhece.

A última gota faz transbordar a taça.

Quem domina sua ira vence seu maior inimigo.

Alegre é a recordação dos males passados.

Mais vale um toma que dois te darei.

Sentimento inebriado, disperso, pecaminoso / Tormento e indecisão se apossarão do seu ser / A outra, com sofreguidão, irá lutar para lhe ter / A luta é desigual, é o dia-a-dia contra a luxúria / Não irás a lugar algum com desânimo e decepção / Encare esta experiência fazendo parte da provação.

A isto sujeitaste, por amor à profissão, / tristeza, lhe contempla, a luta foi em vão.

Indefeso e inocente, tu não tens culpa de nada, / Seu mexer é desprazer, tratando-lhe com repreensão / Espera uma nova chance, no espetáculo que é o nascer, / rezará para encontrar, pai e mãe, para lhe ensinar o viver.

O viver não é apenas pressentir o respirar, / é feito de esperas, que fazem alcançar, / ele é uma prova, fazendo pensar, de um modo refletido, / que na vida, o esperar, é necessário, é um castigo.

A paciência é amarga, mas seu fruto é doce.

No mundo dos espertos, quem menos corre, voa.

Esqueça as frustrações, isto faz parte da vida.

Muitos são os chamados, poucos são os eleitos.

Feminilidade sugestiva, com seu corpo escultural, / sua pele, seu perfume, seu jeito, afrodisíaco e descomunal, / enredando a nudeza, de nossos corpos no leito em chamas, / O gozar nos fez sentir, a tentação real consumada, / o suor fez refletir, a fraqueza do ser impulsivo, / é a escola da vida, submetendo-nos a testes, em tom imperativo.

O mentir exige memória.

A mente padecendo, querendo já a união, / decides o futuro, sem muita reflexão, / traumas machucando, mundo em decepção.

Pai avarento, filho pródigo.

A palavra é de prata, o silêncio é de ouro.

Com sonhar vivificante, estarás em qualquer lugar.

Quem quer faz, quem não quer manda.

Põe-lhe a vara na mão, conhecerás o vilão.

Quem não morre da doença, morre decerto da cura.

Remédio de doido é doido e meio.

Quanto maior a nau, maior a tormenta.

É o sistema enriquecendo, a pobreza no sobreviver, / desunindo as desigualdades, diminuindo o crescer.

Querer desculpar uma asneira é cometer outra.

Quem semeia vento, colhe tempestade.

Quem dá depressa dá duas vezes.

Reconhecer o próprio erro é inteligência de rara beleza, / saber das fraquezas, não é motivo para consternação.

O viver é aprendizado, maleabilidade do pensar.

Amigo de todos, amigo de ninguém.

Segredo contado é logo espalhado.

Cessada a causa, desaparecem os efeitos.

A resposta humilde acalma a ira.

Ri, e o mundo rirá contigo; chora e chorarás sozinho.

Quem quer a paz, prepare-se para a guerra.

Se a juventude soubesse... se a velhice pudesse...

Quem tudo quer, tudo vai perder.

Por cada língua que fales, tantos homens vales.

Quem tem boca não manda soprar.

A violência é a força do fraco.

Tem gosto o burro de ouvir seu zurro.

Uma desgraça nunca vem sozinha.

Desunião sustentando, o extinguir da compreensão, / no viver que vai mostrando, a tortura da desilusão, / com o fim que vai chegando, é importante se auto-estimar, / é a vida continuando, exigindo o recomeçar.

Quem habita em toda parte, não habita em parte alguma.

Expectativas adiando ao pulsar impaciente,
São encontros vislumbrando, respostas transigentes,
Ansiedade inquirindo com perguntas que não gostamos,
Desencontros perdoados, na identificação que esperamos,
Impulsividade irrefreável a carinhos sensuais,
É a vontade de sentir, de chegar ao âmago na junção,
Descobrindo o inconsciente, dos seus instintos carnais,
São prazeres regozijando, é a vida em excitação,
Conheceste inversamente, o corpo, em vez de alma,
Nos espíritos em harmonia, não haverá desilusão,
O conter de seus desejos, evitarás certos traumas,
Como alcançar a essência, sem a busca da razão,
Consequências desastradas, num futuro sem direção.

O dizer é nada, o fazer é tudo.

Quem deixa de ser amigo não o foi nunca.

Zomba das cicatrizes quem nunca foi ferido.

Trabalha o feio para o bonito comer.

Enaltecendo o seu sorriso, entristecendo-o na desilusão, / deixa marca com seus frutos / a semente que outrora plantamos / pertence agora só a outra metade / resultado do dividir, de um elo inconsistente / solitário se encontrando, em companhia da recordação.

A quem nada deseja nada falta.

Cem amigos é pouco. Um inimigo é muito.

Te calas ou digas algo melhor que o silêncio.

Com fantasias, destruídas pela realidade / é o jogo da vida, em que muitos vencem, para você perder.

Quando casado te sufocava / e agora a liberdade, aos poucos lhe mata / viveram juntos, sem se conhecerem / rebentos que sentem a desunião / aliviados ficam, com o acabar da confusão.

Bom é saber calar até ser tempo de falar.

Antes se peca a lã que a ovelha.

Coração do outro é terra que ninguém vê.

Quando a espada é curta, dá-se um passo a mais.

Diante da noite, não acuse as trevas; aprenda a fazer lume.

De fome ninguém vi morrer, porém a muitos de muito comer.

Quem comeu a carne que roa os ossos.

Aquele que fala o que é, demonstra ser o que não é.

O homem só é eterno quando o seu trabalho permanece.

Quem quer dar, não pergunta.

Incertezas do futuro, do rebento a chorar / com amor, sua renúncia, acabou de chegar / Agora que já sou homem, esperas o reconhecer, / até o fim da vida eu sempre vou lhe amar.

O preguiçoso para não dar um passo dá oito.

Junto ao firmamento, estarão em igualdade de condição / em um plano elevado, pois passaram pela provação.

O dinheiro não só fala como faz calar a boca de muita gente.

Quem nasceu para a humildade não pode atingir as alturas.

Deus é bom trabalhador, mas gosta que o ajudem.

Mulher objeto em desilusão, no criar da infelicidade / carente de amor, agora pensa no trilhar da infidelidade / acabou por encontrar o seu pecado, a lhe dar muita atenção / fogoso, sensual e amoroso, a irradiar seu coração / na cama lamenta não tê-lo encontrado tempos atrás / é a tríade formada, paixão perigosa, aventura que lhe refaz.

Do faminto avarento o mundo ri, pois nada do que junta é para si.

O fanatismo é para a religião o que a hipocrisia é para a virtude.

Quem perde a honra pelo negócio, perde a honra e o negócio.

Distribuição com equidade não gerará desigualdade / educação é importante, pão e circo não resolve a questão / um grande país se forma com esta justa conscientização.

Feliz é quem só quer o que pode e só faz o que deve.

Aonde te querem muito, não vás amiúde.

Há pouca diferença entre aquele que dá de má vontade e o avarento que se recusa a dar.

Vale mais ser corrigido por um sábio, do que ser enganado pela educação dos tolos.

Sem o choque dos opostos não se desenvolve a razão.

A fé é acreditar em coisas que o bom senso não recomenda.

O verdadeiro poder, às vezes se encontra atrás do trono.

Reconhecer a fraqueza é sinal de força interior.

Não existe travesseiro tão macio como uma consciência limpa.

Tudo o que está amarrado está em via de se desamarrar.

A humanidade sonha pelos versos do poeta.

Por vezes, chegar primeiro significa perder o melhor lugar.

O silêncio conduz à extinção de controvérsias.

Ande depressa e alcançarás a desgraça; ande devagar e serás alcançado por ela.

É a vivência exigindo artimanhas e um certo fingimento / para moldar as diferenças, perdurando o relacionamento.

Se quiser conhecer verdadeiramente um homem, dê-lhe autoridade.

Onde há uma vontade há um caminho, onde há boa vontade há vários caminhos.

Com o bem convivendo sempre perto do mal..

O homem só conhece a felicidade depois que casa, mas aí já é tarde...

Amar rejuvenesce a alma,/ amar suaviza o sofrer / quem ama esquece a morte / amar ajuda a viver.

O homem pensa, a mulher sonha.

À pergunta apressada, resposta lenta.

O rico não deva, a pobre não prometas.

O sucesso tem muitos pais / enquanto o fracasso é órfão.

Sua reserva cândida faz de você um solitário.

Com o criar idealizado em poesias, pintura e arte, / no plantar gerando a vida, na sensibilidade que encontraste.

Aos puros todas as coisas parecem puras.

O apetite vem em se comendo.

Antes meio ovo que uma casca vazia.

A agulha veste os outros e vive nua.

A boa caridade começa em casa.

A criança é o pai do homem.

As pessoas são inimigas do que elas não conhecem.

A ocasião faz o ladrão e a falta de oportunidade faz a honestidade.

Que a chuva é riqueza, fertilizando nossa paisagem.

Só os que se perdem acabam descobrindo novos caminhos.





terça-feira, 29 de julho de 2014

Vale mais a Força do Pensamento...



Como eu, como tu, como velhos tratantes
Como velhos amigos, como velhos perigos,
Como grandes amantes nos poucos instantes de amor.

Meu bem, o meu lugar é onde você quer que ele seja...
não quero o que a cabeça pensa, eu quero o que a alma deseja.

...e esse jeito de deixar sempre de lado a certeza e arriscar tudo de novo com paixão!



Já que você não está aqui, o que posso fazer é cuidar de mim...

Lembra que o sono é sagrado...

Depois da onda pesada a onda zen:
é namorar ma almofada e dormir bem...

O que me liberta é também prisão

O mundo inteiro está naquela estrada ali em frente...






domingo, 6 de outubro de 2013

Explicação da musica Chão de Giz



Explicação dada, em tese, pelo próprio compositor, O GRANDE POETA ZÉ RAMALHO, sobre Chão de Giz:
Ainda jovem, o compositor teve um caso duradouro com uma mulher bem mais velha que ele, casada com uma pessoa bem influente da sociedade de João Pessoa, na Paraíba, onde ele morava. Ambos se conheceram no carnaval. Zé Ramalho ficou perdidamente apaixonado por esta mulher, que jamais abandonaria um casamento para ficar com um “garoto pé -rapado”. Ela apenas “usava-o”. Assim, o caso que tomava proporções enormes foi terminado. Zé Ramalho ficou arrasado por meses, mudou de casa, pois morava perto da mulher e, nesse meio tempo, compôs Chão de giz.

Sabendo deste pequeno resumo da história, fica mais fácil interpretar cada verso da canção. Vamos lá!

“Eu desço desta solidão e espalho coisas sobre um chão de giz”
Um dos seus hábitos, no sofrimento, era espalhar pelo chão todas as coisas que lembravam o caso dos dois. O chão de giz indica como o relacionamento era fugaz.

“Há meros devaneios tolos, a me torturar”
Devaneios e lembranças da mulher que não o amou. O tinha como amante, apenas para realizar suas fantasias. Quando e como queria.

“Fotografias recortadas de jornais de folhas amiúdes”
Outro hábito de Zé Ramalho era recortar e admirar TODAS as fotos dela que saiam nos jornais – lembrem-se, ela era da alta sociedade, sempre estava nas colunas sociais.

“Eu vou te jogar num pano de guardar confetes”
Pano de guardar confetes são balaios ou sacos típicos das costureiras do Nordeste, nos quais elas jogam restos de pano, papel, etc. Aqui, Zé diz que vai jogar as fotos dela nesse tipo de saco e, assim, esquecê-la de vez.

“Disparo balas de canhão, é inútil, pois existe um grão-vizir”
Ele tenta ficar com ela de todas as formas, mas é inútil, pois ela é casada com um homem muito rico.

“Há tantas violetas velhas sem um colibri”
Aqui ele utiliza de uma metáfora. Há tantas violetas velhas (Como ela, bela, mas velha) sem um colibri (um jovem que a admire), dessa forma ele tenta novamente convencê-la apelando para a sorte – mesmo sendo velha (violeta velha), ela pode, se quiser, ter um colibri (jovem).

“Queria usar, quem sabe, uma camisa de força ou de vênus”
Este verso mostra a dualidade do sentimento de Zé Ramalho. Ao mesmo tempo que quer usar uma camisa de força para se afastar dela, ele também quer usar uma camisa de vênus para transar com ela.

“Mas não vou gozar de nós apenas um cigarro”
Novamente ele invoca a fugacidade do amor dela por ele, que o queria apenas para “gozar o tempo de um cigarro”. Percebe-se o tempo todo que ele sente por ela um profundo amor e tesão, enquanto é correspondido apenas com o tesão, com o gozo que dura o tempo de se fumar um cigarro.

“Nem vou lhe beijar, gastando assim o meu batom”
Para quê beijá-la, se ela quer apenas o sexo?

“Agora pego um caminhão, na lona vou a nocaute outra vez…”
Novamente ele resolve ir embora, após constatar que é impossível tentar algo sério com ela. Entretanto, apaixonado como está, vai novamente à lona – expressão que significa ir a nocaute no boxe, mas também significa a lona do caminhão, com o qual ele foi embora – ele teve que sair de casa para se livrar desse amor doentio.

“Pra sempre fui acorrentado no seu calcanhar”
Amor inesquecível, que acorrenta. Ela pisava nele e ele cada vez mais apaixonado. Tinha esperanças de um dia ser correspondido.

“Meus vinte anos de ‘boy’ – that’s over, baby! Freud explica”
Ele era bem mais novo que ela. Ele era um boy, ela era uma dama da sociedade. Freud explica um amor desse (Complexo de Édipo, talvez?).

“Não vou me sujar fumando apenas um cigarro”
Depois de muito sofrimento e consciente que ela nunca largaria o marido/status para ficar com ele, ele decide esquecê-la. Essa parte ele diz que não vai se sujar transando mais uma vez com ela, pois agora tem consciência de que nunca passará disso.

“Quanto ao pano dos confetes, já passou meu carnaval”
Eles se conheceram em um carnaval. Voltando a falar das fotos dela, que iria jogar em um pano de guardar confetes, ele consolida o fim, dizendo que já passou seu carnaval (fantasia), passou o momento.

“E isso explica porque o sexo é assunto popular”
Aqui ele faz um arremate do que parece ter sido apenas o que restou do amor dele por ela (ou dela por ele): sexo. Por isso o sexo é tão popular, pois apenas ele é valorizado. Ela só queria sexo e nada mais.

“No mais, estou indo embora”
Assim encerra-se a canção. É a despedida de Zé Ramalho, mostrando que a fuga é o melhor caminho e uma decisão madura. Ele muda de cidade e nunca mais a vê. Sofreu por meses, enquanto compôs a música

domingo, 11 de agosto de 2013

Porque gosto de ser submergido em suas contradições...

Uma Bela Bagunça


Você tem o melhor dos dois mundos
Você é o tipo de garota que pode derrubar um homem
E levantá-lo novamente
Você é forte, mas carente
Humilde, mas ambiciosa
Baseado em sua linguagem corporal
Sua cursiva de baixa qualidade eu estive lendo
Seu estilo é bastante seletivo
Embora sua mente seja bastante imprudente
Bem, acho que isso apenas sugere
Que isso é exatamente o que a felicidade é

Ei, que bela bagunça é essa
É como recolher o lixo nos vestidos

Bem, meio que dói quando, as palavras que você escreve,
Meio que se transformam em facas
E não me importo muito, chame de ficção
Porque gosto de ser submergido em suas contradições, querida
Porque aqui estamos, aqui estamos

Embora você seja tendenciosa, amo seus conselhos
Suas réplicas são rápidas
E provavelmente tem a ver com suas inseguranças
Não há vergonha em ser louca
Dependendo de como você encara isso
Palavras que parafraseiam o relacionamento no qual estamos

E isto é uma bela bagunça, é sim
É como se estivessemos pegando lixo em roupas

Bem, meio que dói quando, as palavras que você diz,
Meio que se transformam em lâminas
E o simpático e cortês é uma vida que eu ouvi
Mas é bom dizer que brincamos na lama
Porque aqui, aqui estamos, aqui estamos
Aqui estamos

Ainda estamos aqui

E isto é uma bela bagunça, é sim
É como tentar adivinhar quando a única resposta é sim

E através de palavras eternas em fotografias inestimáveis
Nós vamos voar como os pássaros desta terra
E marés voltam e corações se desfiguram
Mas isso não é preocupação quando estamos feridos juntos
E nós rasgamos nossas roupas e manchamos nossas camisas
Mas está tudo bem hoje, oh a espera valeu a pena.